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schnauzer racaNO QUE TANGE à qualidade da criação, na Europa e EUA os cães realmente seguem um padrão, ou seja, são muito parecidos com os seus pais, nascem muito parecidos entre si e continuam muito parecidos quando adultos – algo que não conseguimos fazer em larga escala no Brasil, ainda. Apenas pequenos detalhes farão a diferença entre um campeão e um cão de casa comum. De maneira geral, a imensa maioria dos filhotes nasce muito parecida, obviamente porque os pais também tem um padrão muito bem definido. Não é à toa que se chama “padrão”.

Hoje em dia, as diferenças entre os Gigantes estadunidenses e europeus estão se tornando maiores gradualmente. Os estadunidenses são criados essencialmente para exposições, desenvolvendo muita pelagem porém com uma dianteira pobre em estrutura e angulação (é fato) e, no nosso ponto de vista como criadores, uma falha grave na estrutura funcional do cão. Já os europeus apresentam bem menos pêlo, mas sua estrutura osteo-muscular e proporções são absolutamente impecáveis. Hoje existem duas entidades cinófilas de ponta no mundo – a AKC (American Kennel Club) e a FCI (Fédération Cynologique Internationale). Os padrões seguidos nos EUA são, naturalmente, os da AKC, ao passo que no resto do mundo, os padrões mais seguidos e aceitos são os da FCI. O AKC determina pelagem densa (???), e os criadores estadunidenses não se importam de criar cães com pelagem macia, o que consideramos um desvio do padrão e falha funcional, que determina pelagem dura e de arame, com subpêlo denso, tornando-o resistente à intempéries.

Conhecendo a história e evolução da raça, acreditamos que a criação jamais deve fugir às origens funcionais, e neste ponto, estrutura e pelagem não devem ser alteradas em detrimento da estética. O pastoreio hoje é muito raro, especialmente fora da Europa, então a raça está se desenvolvendo mais para guarda, shutz (ataque e defesa), exposição e companhia. Repare que a necessidade direciona a criação: não podemos ter um cão com pelagem macia e estrutura pobre e desequilibrada para shutz ou guarda, mas já para companhia e exposição, estas são características toleradas ou até desejadas por alguns criadores. Convenhamos, olhar um cão bem cuidado e com a pelagem exuberante é realmente um prazer para aqueles que gostam, mas em nossa opinião deve haver equilíbrio nas escolhas dos cruzamentos de forma a manter a qualidade estrutural e funcional da criação, mantendo sua beleza natural. A criação é fascinante por nos dar possibilidades como estas, em uma busca incessante pelo que cada criador considera o cão ideal.

Os Schnauzers não perdem pelos naturalmente, sendo recomendados para pessoas que apresentem alergias a cães. Dito isso, é necessária a tosa frequente, escovações e o stripping (do inglês strip – despir). Quando os cães desempenhavam seu trabalho de pastoreio e caça, constantemente esbarravam na vegetação ao redor durante as corridas, arrancando naturalmente os pêlos excedentes. Hoje em dia, está mais do que claro que isto não acontece, então o stripping se faz necessário.

Fazemos o stripping quando nós mesmos arrancamos os pelos dos Schnauzers. Calma! Não se apavore! É normal e há muito menos áreas sensíveis do que imaginamos. Principalmente no dorso e atrás do pescoço, os cães não ligam muito e até apreciam a interação. Entretanto, na base do rabo, sobre as escápulas, na parte de baixo das costelas e outras áreas menores e de pele mais fina, é preciso usar um pó específico para amenizar o desconforto. A esta altura, você deve estar pensando que é uma agressão fazer o stripping do seu cãozinho. Mas não se preocupe, alguns cães até dormem enquanto puxamos o excesso de pêlo. O resultado final de todo o trabalho (que é muito!), é uma pelagem como descreve o padrão: densa, espessa, com pelos grossos e bastante resistente à intempéries, permitindo que o cão enfrente qualquer tipo de clima sem ficar incomodado. Isto sem mencionar que estará sempre saudável e sem aquele cheiro característico de cachorro.

Você mesmo pode fazer o stripping do seu cão, mas é necessário estudar o padrão da raça e conhecer até onde ir. Peça dicas ao criador do qual você comprou seu cão. Pet shops normalmente fazem “tosas de pet shop”, e frequentemente nem sabem que o stripping existe. Os tosadores fazem cursos de tosa padrão, executando o mesmo corte em várias raças, nunca leem o padrão da raça para saber qual a tosa pedida e, em casos como estes, um único descuido pode levar mais de um ano para ser consertado. Não sabemos, sinceramente não sabemos, de onde surgiu a ideia de passar a máquina em volta dos olhos dos Schnauzers! Não deixe que descaracterizem seu cão. A seguir, preparamos algumas dicas baseadas no padrão brasileiro do Schnauzer Gigante e suas variações para que você identifique os pontos corretos de começo e término das tosas típicas.

Nosso ponto de referência sempre é o padrão da raça. Transcreveremos alguns trechos do padrão durante as explicações e seria interessante que você conhecesse os pontos anatômicos que servem de referência para a tosa típica. IMPORTANTE: são apenas dicas que exprimem nossa preferência pessoal; o que você fará com as informações é opção exclusivamente sua. Em breve disponibilizaremos fotos e um arquivo de texto para impressão.

Vamos começar de trás para frente porque entendemos que a cabeça é a parte mais complicada de acertar, oferecendo algumas variações. Em tosas feitas à máquina, o sentido é SEMPRE o do pêlo. Dura menos tempo, mas o resultado final é compensador.

Seguem abaixo algumas dicas de como aproximar mais seu cão do padrão, simplesmente através de alguns cuidados durante o desenho da pelagem.

POSTERIORES. Coxas: moderadamente longas, largas e fortemente musculosas. É necessário que apareça a musculatura após a tosa, fazendo com que a saia tenha bom caimento. Faça o corte de maneira que não haja pêlos eriçados para os lados, usando a tosa à máquina ou o strip para deixar a saia alinhada com a musculatura da coxa. Observe outra raça de pêlo curto e musculatura avantajada (como pit-bulls e rottweilers) e perceberá claramente o contorno da musculatura. Os ossos dos posteriores devem estar sempre cobertos pela saia, mas esta nunca deve ficar eriçada para a lateral, como já dito antes. Pernas: longas e fortes, com tendões evidentes entrando em um forte jarrete. Ou seja, pelo padrão, os tendões dos jarretes (joelhos) devem estar à mostra, e a tosa deve ser feita tirando os pêlos da parte de trás da coxa até os joelhos. ATENÇÃO: esta é uma área sensível e passível de alergias e sangramentos (normais, mas indesejados), então muito cuidado com as lâminas; não as utilize no sentido contrário ao da pelagem. A tosa higiênica é a normal, desde que não prejudique o formato dos desenhos da saia.

TRONCO. Linha inferior: moderadamente esgalgada, formando uma linha bem curvada com a parte inferior das costelas. Observe que é “moderadamente esgalgada” e não “moderadamente abaulada”. A tosa das costelas deve ser feita posicionando a máquina de cima para baixo (vertical), nunca horizontalmente. A saia (na altura das costelas) deve ser recortada sem marcas, em formato ovalado, afinando e acompanhando o formato das costelas do cão. Não deve ser, jamais, eriçada para a lateral. Mais uma vez vamos observar um cão musculoso e de pêlo curto, e podemos observar que a linha superior da saia acompanha o formato anatômico do cão. Peito: de largura moderada, de diâmetro oval, atingindo o cotovelo. O ante peito é distintamente marcado pela ponta do esterno. A ponta do esterno é onde a tosa deve começar, seguindo então o contorno do peito.

ANTERIORES. Braços: bem rentes ao corpo, fortes e bem musculosos, formando um ângulo de 95° a 105° com a escápula. Cotovelos: bem rentes ao corpo, não desviando nem para fora nem para dentro. A tosa desta região é a mistura da tosa do peito, ante peito e ombros. Deve estar harmônica e dar noção de continuidade e fluidez. A escápula em sua parte anterior e os cotovelos são os principais pontos de referência. Uma boa dica é fazer o desenho com o cão sentado. Olhando de frente, o esterno é bem pronunciado. Da ponta do esterno para baixo, começa a saia, que passa pela ponta da escápula (na frente dos ombros) e segue o contorno da parte anterior da escápula. Tire o pêlo de cima de toda a escápula, caminhando em direção ao cotovelo em diagonal descendente, lembrando sempre de manter a direção do crescimento dos pelos. Grande parte das tosas hoje é feita reta, contornando o cão praticamente todo na mesma altura. O formato da tosa do esterno à escápula, vista de frente, é um “v” de cabeça para baixo. Do cotovelo para as costelas, basta fazer uma curva harmônica, deixando o pêlo sobre a articulação mas mostrando a musculatura.

CABEÇA. Stop: bem definido pelas sobrancelhas. NUNCA corte as sobrancelhas em forma de aba de boné. As sobrancelhas tem um corte triangular, e seus pontos de referência devem ser o canto lateral do olho em uma linha diagonal até o centro da trufa (nariz). Algumas pessoas preferem a sobrancelha mais curta, outros mais longa, praticamente encostando no nariz. Isto dependerá muito da quantidade de pelos na região e se a visão do cão será prejudicada – seja coerente entre a funcionalidade e a estética. A sobrancelha acaba quando acabam os olhos ou pouca coisa atrás. No centro (sobre o stop), separe os dois lados em uma distância harmônica (nosso ponto de referência pessoal é dividir o espaço entre os olhos em 3 e cortar o do meio – vá aos poucos e pare se achar que está tirando muito). Focinho: termina em cunha, linha superior reta. NÃO passe a máquina na parte superior do focinho. Penteie os pelos do bigode para dar bom caimento e volume na pelagem. Apare somente aquelas mechas que tiver certeza que ficarão eriçadas – em caso de dúvida, não corte! Os músculos da mastigação são fortemente desenvolvidos, mas as bochechas não devem interferir com a forma retangular da cabeça (com a barba). Aqui é um ponto polêmico e que vamos tratar de esclarecer: já que as bochechas não devem interferir com a forma retangular da cabeça, não corte os pelos embaixo dos olhos – em pet shops isto é muito comum (a máscara do Zorro – urgh!). Seus pontos de referência devem ser aqueles lóbulos da barba mais grossa na lateral das bochechas e embaixo do queixo. Penteie todo o pêlo em direção ao focinho e retire o que estiver atrás dos lóbulos indo em direção ao pescoço. Desenhe a lateral da cabeça ligando o canto da frente dos olhos e os lóbulos laterais de barba. A pelagem da sobrancelha e o canto da boca deve estar bem distinta, separada, ou seu cão terá aparência de orangotango! Lembre-se sempre que a cabeça deve ter formato retangular – isto quer dizer que pêlo demais ou de menos influencia na visão geral da cabeça.

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